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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Poema para a realidade

É que me falta um poema
que não seja muito vago,
nem faça tantos floreios.
Rimas, não vejo o porquê.
 
Eu quero saber do chão,
das chuvas, quando é que vêm.
Terra pronta para a safra,
é colheita que liberta.
 
Colhe o fruto do trabalho,
trabalha de sol a sol,
esquece o tempo que passa,
que liberdade é palavra!
 
Cheira essa terra em que pisas,
bebe essa água que a ti chega,
que só te basta o trabalho
para vislumbrar o livre.
 
Não te iludas com promessas,
sente, sente a ventania
que traz consigo a mudança,
é tempo de viração.
 
A chuva, essa sim, liberta,
livra de vidas mesquinhas,
presas num tempo parado
de trabalho e mais trabalho.
 
Vês o miúdo, o prosaico,
o sol, vento, a chuva, terra?
É tudo matéria-prima
para esse tempo amarrado.
 
O trabalho do poeta
que cultiva a liberdade,
além de vagos floreios,
é livrar-se das amarras.
 
Das prisões cotidianas
e pretensas liberdades:
ao contrário disso tudo,
quero meu grande poema!

Luiz Augusto Rocha