Quem passou por aqui





domingo, 29 de maio de 2011

Aos falsos moralistas

Não falem por mim,
Não riam do meu riso,
isso me ofende.

Baixem a voz,
deixem as facas caírem
e enxerguem a gente.

Não nos iludamos,
o pedido não será atendido,
nem negociado.

Há de ser tomado,
há de ser lutado
e assim, só assim,

uma gente diferente virá.


Luiz Augusto Rocha

domingo, 1 de maio de 2011

Poeminha descritivo

Sou jornalista formado,
um poeta-informação
iludido e em construção.

Luiz Augusto Rocha.

sábado, 26 de março de 2011

Viajem!

Adeus aos que nunca foram.
Adeus aos que partiram!
Adeus aos saudosistas?
Adeus àquele deus nosso.

Que saudade sinto
do que vi um dia...
Que saudade tenho
do que não conversamos.

De quanta saudade vivo!
Quantos momentos vivos,
quanta rima perdida,
quanta conversa não dita.

Enfim, meus caros,
quão claros os caminhos,
quantos destinos
fizeram-nos meninos.

Meu caro, que fizemos de nós?
O que estamos fazendo?
Quantas perguntas existem?
Sem respostas...

Luiz Augusto Rocha

quinta-feira, 17 de março de 2011

Observações de um forasteiro

Nesta terra movediça,
abrem-se fendas no chão,
por onde saem cavaleiros.

Arautos de si mesmos,
contentes da condição
precária e medíocre.

Arrogam-se o direito inalienável
de comer o o que sai da terra,
de beber a água do rio.

Querem convencer a todos
de que o esterco não fede
e que tudo vai bem.

E vão às suas igrejas –
fervorosos cristãos –
para agradecer suas bênçãos.

E tudo continua fedendo.
Passam perfumes,
mas, sabemos que continua fedendo.

Luiz Augusto Rocha

quarta-feira, 2 de março de 2011

Mundo

Mundo
mundo das coisas,
mundo das palavras.
Mundo.
Eu...
Mudo.

Luiz Augusto Rocha

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Conversinha

Cadê a menina
que vi aqui?
Cadê a moça
que conversei?
Cadê?


Onde fui parar?
Como nada tivesse visto
e como nada conhecesse,
fiz de mim essa nossa prosa:
conversinha de rua.


Meu bem, diga aqui
o que podemos conversar,
além do entre a manhã
e as manhas nossas,
idas no entardecer?


Pois é,
a poesia vai mais,
vai bem, bem mais,
bem  muito mais além.
Além de que, meu bem?


Luiz Augusto Rocha

Fazer o que?

Que faço eu,
que fazemos nós,

Não quero nada,
não posso quase nada,

não imagino
a poesia perfeita.

Imagine você:
o que fazemos de nós?

Cá estamos encarando
os nossos monstros,

lindos monstrinhos:
dançando conosco!

Dançando sob o sol,
dormindo sob lua,

Só sabemos brincar
com nossos monstrinhos.

Fazer o que?


Luiz Augusto Rocha

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Sempre jogo

Entre doido e doído,
uma palavra, o mundo.

Meu erro-traço
é que trago comigo
os erros que faço.

Traço sem saber,
faço sem conhecer,
conheço sem ver,

O que posso fazer,
senão, em erros tracejados,
errar sem caminho?

Eu me perco no jogo,
brincando com fogo,
De tornar-me eu mesmo!


Luiz Augusto Rocha

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Poema da saudade

Se em prosa
as palavras desarticulam,
em versos
fazem arte,
como a arte
de uma criança arteira.

E se os versos
dão ao bom-dia
um bom dia cantado,
rodemos igual a meninada
em volta da árvore.

Se tem tanta saudade,
que choremos de alegria,
que a saudade não passa.

Até porque
nossos velhos versos
saudam a saudade
com a plena certeza
de que tudo, tudo,
valeu a pena.

Luiz Augusto Rocha

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

drama & comédia

Compor um drama é fácil,
dá-se um tapa na cara
em quem jurava amar
e pronto.

Veja se do mesmo modo
procede com a comédia...
Ela requer inteligência!

Começo, meio e fim:
todas as suas tensões,
dramáticas por si,
E a comédia na distensão.

Onde eu deixei minha comédia?
– Onde se compra um drama qualquer.


Luiz Augusto Rocha

Quase-me

Fui quase um herói de guerra.
Estive quase perto do presidente.
Tive quase a grande sorte da loteria.
Escrevi quase um poema eterno,
mas que perdeu-se de si.

O que me angustia mesmo
é esquecer-me no quase,
dançando nos olhos
dos olhos alheios.

Luiz Augusto Rocha