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segunda-feira, 14 de julho de 2014

Uma lição russa

Em noites brancas, de lua alta,
escondemos no subsolo
nossas piores memórias.

Elas são um amontoado de recordações
de uma casa repleta de cadáveres,
demônios e pequenos heróis.

Somos nós os humilhados, os ofendidos:
idiotas tuberculosos e epiléticos,
jogadores criminosos castigados.

Desajustados punidos severamente
por uma moralidade forjada
nas mãos de um grande inquisidor.

Essa gente pobre, de coração fraco
escreve uma história suja
em que ladrões são honestos.

Só que o sonho de um homem ridículo
nunca foi, nem nunca será,
o de ser uma gentil criatura.

Luiz Augusto Rocha

4 comentários:

Alberto disse...

Gostei muito deste! Abraços

Luiz Augusto Rocha disse...

Obrigado, meu querido.

Unknown disse...

Teste

Unknown disse...

Gostei. Além do estilo russo e das óbvias referências a "Noites Brancas" e "Humilhados e Ofendidos", não pude deixar de lembrar de "Recordação da Casa dos Mortos", e, até, do brasileiro "Memórias do Cárcere", de Graciliano Ramos. Era a intenção, ou fui longe demais? No final, um pouco da acidez de "Almas Mortas", de Gogol - proposital ou inconsciente? Apenas um reparo: a palavra "ridículos", embora forte por si só, pareceu-me deslocada. Nada que comprometa o resultado. Bom trabalho!