Quem passou por aqui





sábado, 22 de agosto de 2009

O sol e a brisa

Em determinado momento do dia,
a brisa passa debaixo do sol que torra.
Poderia ser o inverso:
o sol torra, mas, a brisa passa...

Não há porque desistir,
se, cá embaixo,
a brisa continua passando,
mesmo com o sol que torra.

Entre o sol e a brisa,
não existe uma ponte de concreto
que ligue um lado ao outro.
Nós estamos entre os dois...

O que mais arde no sol
é o suor todo dia suado;
é a pele queimada que,
já à noite, cozinha o sonho.

O que o sol tenta matar
é a umidade que transborda
dos nossos corpos todos os dias,
a contragosto de seu abrasamento...

É o suor ardido diante do sol
que se encontra com a brisa.
Sempre, às duas da tarde,
da planta do pé à ponta do cabelo.

E a sensação que o vento provoca,
dançando nas costas, na nuca;
enfrentando os olhos, segurando o peito.
Quase esquecemos do sol...

Entre os dois pontos desse lugar,
(no instante do encontro de brisa e sol)
o mundo deixa de girar um segundo.
E eu sei que estou vivo!


Luiz Augusto Rocha

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Agosto

tempo oco, tempo
preso
Tempo
mais que querer viver
querer querendo a fantasia de vida

a razão última é querer viver
mas, a razão primeira é querer viver

Tempo sem tempo para nada
preenchido, absorvido, interrompido
importante
rural, industrial, serviçal
terceirizado

– e o Tempo vai se distraindo por aí...
(enquanto o tempo é ocado pelo nosso tempo)
(enquanto ponto a ponto o tempo é batido)
(enquanto se consome)
(enquanto)
– ...

Luiz Augusto Rocha